Ativos do Brasil despencam após Trump elevar tarifa para 50%
- Neto Fortt

- 9 de jul.
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Por Redação Elite4T | 9 de julho de 2025
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros causou um verdadeiro abalo nos mercados nesta quarta-feira (9). A medida, que surpreendeu pela magnitude e pelo contexto político que a acompanha, levou o real a cair quase 3% frente ao dólar e derrubou os principais ativos ligados ao Brasil, inclusive nos mercados americanos.
A decisão foi divulgada por meio de uma carta pública nas redes sociais de Trump, em tom direto e confrontador. Nela, o presidente americano afirma que está adotando a medida em parte devido ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu por tentativa de golpe de Estado no Brasil.
“Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump, relacionando o processo judicial contra Bolsonaro aos eventos do 6 de janeiro nos EUA.
Impacto imediato nos mercados
Logo após o anúncio:
O real brasileiro caiu até 2,9%, refletindo a fuga de capital e o aumento da percepção de risco.
O ETF iShares MSCI Brazil (EWZ), que acompanha ações brasileiras listadas nos EUA, recuou 1,8% no pós-mercado.
Os ADRs da Embraer, uma das principais exportadoras brasileiras para os EUA, desabaram até 9%.
A tarifa de 50% é a mais alta anunciada por Trump até o momento na nova rodada de “tarifas recíprocas”, superando inclusive as aplicadas a países com superávit comercial muito superior ao do Brasil.
Contexto geopolítico e alvo simbólico
O Brasil nem sequer fazia parte da lista inicial de países mencionados por Trump em abril, quando a nova política tarifária foi revelada. Agora, aparece como o primeiro país com déficit comercial com os EUA a ser atingido, o que indica uma motivação política clara por trás da medida.
Segundo Trump, o Brasil está “atacando os direitos fundamentais dos americanos” e promovendo perseguição política ao ex-presidente Bolsonaro, seu aliado ideológico.
O movimento também é interpretado como uma resposta indireta ao BRICS, bloco que se fortaleceu recentemente com a entrada de novos membros e que tem sido visto por Trump como ameaça ao status do dólar como moeda global dominante.
Reação do governo brasileiro
A resposta do governo Lula foi imediata. O presidente convocou uma reunião de emergência com ministros-chave, incluindo:
Fernando Haddad (Fazenda)
Mauro Vieira (Relações Exteriores)
Geraldo Alckmin (Vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio)
Fontes informaram que o objetivo do encontro foi avaliar o impacto comercial e diplomático da medida e estudar possíveis respostas — inclusive na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lula reagiu duramente em coletiva ao fim da Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro:
“Trump deveria cuidar da própria vida. É irresponsável ameaçar tarifas por redes sociais.”
Setores mais afetados
Segundo especialistas, os setores mais atingidos devem ser:
Siderurgia
Indústria aeronáutica
Equipamentos de transporte e engenharia pesada
Produtos agrícolas e minerais tropicais
A carne bovina, por exemplo, representou US$ 1,4 bilhão em exportações do Brasil para os EUA em 2024. Já o café — que não é produzido em larga escala nos EUA — teve quase US$ 2 bilhões em exportações brasileiras no mesmo período.
“Uma tarifa de 50% pode inviabilizar completamente diversas exportações brasileiras para os EUA”, alertou Solange Srour, economista-chefe do UBS no Brasil.
Uma escalada comercial arriscada
Trump tem endurecido o tom com países considerados “antiamericanos”, entre eles membros do BRICS, como China, Rússia e Índia. Na nova rodada de cartas divulgadas nesta semana, ele anunciou tarifas adicionais para países como:
Argélia, Líbia, Iraque e Sri Lanka (30%)
Brunei e Moldávia (25%)
Filipinas (20%)
O Brasil, no entanto, é o principal parceiro comercial entre os novos alvos. Em 2024, os EUA exportaram US$ 44 bilhões ao Brasil e importaram US$ 42 bilhões, configurando um déficit leve para os brasileiros — ao contrário dos superávits registrados por outros países na lista de Trump.
O que esperar agora?
Com o prazo final para negociações se encerrando em 1º de agosto, Trump afirmou que não haverá nova extensão. Isso deixa pouco espaço para o Brasil articular uma resposta eficaz sem impacto direto sobre sua economia.
Analistas avaliam que os efeitos dessa nova rodada tarifária podem:
Aumentar a inflação de importados nos EUA (principalmente alimentos e commodities).
Reduzir receita e produção de exportadores brasileiros.
Aumentar a tensão diplomática entre os dois países.
Conclusão
A relação Brasil-EUA entra em um território delicado. Com o endurecimento da política comercial americana e o envolvimento direto de Trump em questões internas do Brasil, as tarifas se tornaram um instrumento político, não apenas econômico.
Se confirmadas em agosto, as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros poderão representar uma ruptura comercial inédita entre os dois países, com consequências econômicas e geopolíticas profundas.




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