Aula sobre Taxa de Juros, Política Monetária e o Cenário Atual nos EUA
- Neto Fortt

- 4 de ago.
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Data da Aula: 04/08/2025
Professor: Neto Fortt

1. Introdução ao Tema
Nosso foco nesta aula foi entender por que os juros nos EUA continuam elevados, apesar da pressão do presidente Trump por cortes, e o que está por trás dessa nova realidade econômica. Analisamos fatores estruturais, políticos e macroeconômicos, com destaque para a taxa natural de juros, o papel do Federal Reserve, a influência de Donald Trump e a crise de credibilidade nos dados econômicos.
2. Conceito Central: A Taxa Natural de Juros
Taxa Natural de Juros é o nível teórico de juros que equilibra a economia, permitindo crescimento com inflação controlada. Por mais de 30 anos (1980–2015), essa taxa caiu — favorecendo crédito barato, valorização de ativos e aumento da dívida pública.
Mas o cenário mudou. Por quê?
Motivos da queda passada:
Aposentadoria futura dos Baby Boomers (grande geração poupadora).
China comprando títulos americanos para manter sua moeda desvalorizada.
Países exportadores de petróleo acumulando reservas em títulos dos EUA.
Baixa demanda por investimentos produtivos após a Guerra Fria.
Motivos da alta atual:
Os Baby Boomers estão se aposentando (e gastando).
China e Arábia Saudita reduziram compras de dívida americana.
Aumento da dívida pública e dos gastos militares.
Menor confiança internacional nos EUA como refúgio seguro, após sanções como as da guerra na Ucrânia.
3. Trump vs. Powell: O Embate Pela Política Monetária
O presidente Donald Trump quer cortar os juros antes das eleições, mas enfrenta resistência de Jerome Powell, presidente do Fed, que acredita que um corte agora aumentaria os riscos inflacionários.
Fatores recentes que agravam o conflito:
Trump chamou Powell de "muito irritado, muito burro e muito político".
Tentou — e pode tentar novamente — demitir Powell.
A renúncia de Adriana Kugler, governadora do Fed, abre espaço para Trump indicar alguém alinhado com sua política de juros baixos.
Principais nomes cotados para o Fed:
Kevin Hassett
Kevin Warsh
Scott Bessent
Christopher Waller
Esses nomes, se indicados, podem mudar a composição do Comitê de Política Monetária (FOMC), afetando decisões futuras sobre juros.
4. O Caso Kugler e a Crise de Confiança
A governadora Adriana Kugler deixou o Fed com indícios de discordância com Powell. Sua saída, antecipada, pode dar a Trump o poder de mudar a política monetária antes mesmo da eleição.
Impacto direto: A simples especulação de mudança no comando do Fed mexeu com os mercados, pois a independência do banco central está sendo colocada em xeque.
5. Dados de Emprego e a Polêmica com o BLS
O Bureau of Labor Statistics (BLS) — órgão que divulga os dados de emprego dos EUA — apresentou:
Criação de apenas 73 mil empregos em julho.
Revisões negativas de mais de 260 mil postos de trabalho nos dois meses anteriores.
Reação de Trump:
Acusou o BLS de fraude.
Demitou a chefe do órgão.
Alegou que os dados foram manipulados para prejudicar sua campanha.
Isso gera preocupação global, pois o BLS é referência internacional há mais de 150 anos. Colocar sua credibilidade em dúvida abala a confiança nos dados oficiais dos EUA.
6. Expectativas do Mercado
Diante de tudo isso, o mercado passou a precificar fortemente um corte de juros já na reunião de setembro do Fed.
Antes: corte era improvável.
Agora: mais de 90% dos operadores acreditam que ele virá.
7. A Nova Realidade: Juros Mais Altos Vieram Para Ficar?
Cálculos da Bloomberg Economics sugerem que a taxa natural de juros subiu de 1,7% (2012) para cerca de 2,5% (2024), e pode alcançar 2,8% até 2030.
Isso significa:
Títulos do Tesouro de 10 anos devem seguir entre 4,5% e 5%.
Taxas de hipoteca em 7% (ou mais) podem se tornar o “novo normal”.
Juros altos estão associados a um mundo com:
Mais dívida
Menos poupança
Aumento de risco geopolítico
Transição energética custosa
Investimentos pesados em IA e infraestrutura
8. Conclusão: O Que Isso Significa Para Nós?
"Demitir Powell não vai mudar o curso dos juros. A era do dinheiro barato acabou — e o preço do crédito seguirá mais caro por forças muito além da política."
No mercado, isso significa volatilidade estrutural, mais oportunidades com base em dados macroeconômicos e um ambiente onde entender o contexto é fundamental para operar bem.
Frase de Fechamento da Aula:
“O mercado não se move apenas por taxas ou balanços — ele responde a confiança, geopolítica e demografia. E tudo isso está mudando agora.”




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